André Santos *
Momentos de caos, medo e insegurança que beiram as pessoas que vivem em um ambiente de guerra. Essa foi à sensação sentida por moradores do bairro de São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado (21). Dez suspeitos foram presos após três horas de longa e tensa negociação com a Polícia, uma mulher morreu, quatro policiais ficaram feridos e 35 pessoas foram feitas reféns pelos bandidos num dos hotéis mais luxuosos da cidade.
De acordo com o tenente coronel Lima Castro, relações públicas da PM, tudo começou quando um grupo de criminosos deixou uma festa e ao se depararem com uma equipe da Polícia iniciaram uma fuga alucinada pelas ruas do bairro. Portando armas de fogo de grosso calibre – relatos de moradores indicam que alguns dos foragidos portavam fuzis -, os bandidos começaram a trocar tiros com os policiais. No tiroteio uma mulher, que de acordo com os militares fazia parte do bando, foi baleada e morreu no local.
Felipe Dana/AP
Acuados alguns dos criminosos invadiram, pela a cozinha, o Hotel Intercontinental – um dos mais luxuosos da capital fluminense - e fizeram um total de 35 reféns, entre eles cinco hóspedes que eram estrangeiros, de acordo com informações da PM. Imediatamente equipes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) cercaram o local e iniciaram as negociações com os criminosos que se entregaram. Foram encontrados no interior do hotel oito fuzis, cinco pistolas, três granadas, vários carregadores de armas e farta munição que estavam em poder dos criminosos. Um notebook queimado também foi apreendido. A Polícia acredita que informações importantes sobre a movimentação do tráfico de drogas da Rocinha estavam no computador.
‘Ficamos parados no meio do tiroteio. Foi uma sensação de pesadelo’
Em meio ao caos, moradores, trabalhadores e até mesmo uma celebridade do mundo do esporte viveram momentos de desespero durante o tiroteio. O professor Felipe Gomes Pereira que passava pela Avenida Professor Mendes de Morais, a mesma em que fica o Hotel Intercontinental, foi feito refém pelos criminosos que fugiam da polícia. Segundo o professor, seis bandidos chegaram até seu carro empunhando armas de fogo e o obrigaram a ir em direção ao hotel. “Eles estavam numa van, desceram e vieram correndo para o meu carro com as armas apontadas em minha direção. Imediatamente eles pediram para eu ir em direção ao hotel. Tive que derrubar a chancela porque ela estava fechada. Depois eles saíram correndo para dentro do hotel. Foi um momento muito tenso. Nasci de novo.”, disse Felipe.
Ricardo Cassiano/Folhapress
Um morador de São Conrado entrevistado pela TV Globo e que não quis se identificar, disse que acordou com os barulhos dos tiros e foi até a sacada de seu apartamento ver o que estava acontecendo. “Quando olhei para baixo vi um bando de homens correndo e atirando para todos os lados. Eles pegavam os carros que passavam pela rua para fugir e chegaram até mesmo a pegar um ônibus. Foi desesperador. Para se ter uma noção agora tem umas seis pessoas pegando balas que estão espalhadas pela rua. Foi muita bala, muita bala mesmo” disse.
O ex-jogador de vôlei Tande, campeão olímpico em 1992, também presenciou o tiroteio. O ex-atleta estava indo em direção a Barra da Tijuca, jogar futebol com três outros amigos. Ao sair do túnel Dois Irmãos, que faz a ligação entre os bairros do Leblon e São Conrado, Tande disse que começou a ouvir os tiros. “Ficamos parados na rua, no meio do tiroteio. Nesse momento eu vi uma menina desesperada correndo em meios aos carros e depois de jogando no chão. Logo depois uma viatura da Polícia bateu no meu carro e os policiais saíram desesperados. Era uma manhã de sábado de prazer que acabou virando um caos. Foi uma sensação de pesadelo” afirmou o ex-jogador.
Governador do Rio de Janeiro elogia ação da polícia
No meio da tarde, por volta das 15 horas, a PM apresentou os dez homens presos após o tiroteio. De acordo com a Polícia todos os envolvidos já tinham passagens por crimes, sendo que dois deles são considerados homens importantes na hierarquia do tráfico de drogas na cidade. Um deles, conhecido como Perna, seria um dos líderes do tráfico na comunidade da Rocinha, que também está localizada em São Conrado.
Por meio de uma nota, o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho (PMDB) elogiou a ação dos policiais dizendo que estes agiram com “rapidez, eficiência e destreza, fazendo o máximo para que a população não ficasse em perigo”.
* Com informações do G1, Folha on Line e TV Globo.