quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Conquista Ingrata

Sabrina Assumpção

Com o sentimento de que poderia mudar o mundo, acordei no último domingo pensando se estava certa de minha decisão, ou, indecisão. A campanha eleitoral não tinha sido muito produtiva, pelo menos pra mim. Por quase três meses, mais ouvi candidatos se alfinetando, e jornais escarafunchando suas vidas privadas com designo de encontrar escândalos dignos de primeira página.

Votar em candidatos mal pretensiosos poderia resultar em um desastre maior ainda do que o já atual quadro político brasileiro. Mas, sem querer perder o direito de cidadã, antes de sair de casa, certifiquei-me de que estava com o número de todos os seis candidatos dos quais iria votar.

O calor escaldante, a dificuldade para estacionar o carro, a fila gigantesca de minha seção tudo estava me incomodando naquele momento. Mas, pensando nas lutas pelos direitos civis que meus antepassados sacrificaram suas próprias vidas para conquistar, tentei não ofendê-los ao máximo. Tentei segurar minhas reclamações pela situação desagradável em que me encontrava e por ter tido que abandonar minha cama mais cedo naquele domingo.

Após finalmente ter conseguido sair da cabine de votação, passei o resto do dia pensando a respeito do que poderia acontecer se determinados candidatos ganhassem aquela eleição. “Pelo pouco tempo que o Brasil teve pra analisar a situação do país e relacioná-la às propostas de cada candidato, talvez seja melhor haver um segundo turno”, pensei.

Horas mais tarde, minha reflexão se tornou realidade. Mais 30 dias para enfrentar novamente o calor (ou a chuva), trânsito, fila... Mas, quer saber? Talvez o problema esteja conosco, eleitores, que perdemos tempo demais reclamando. Quem sabe agora, uma segunda chance para refletir mais, pensar mais. Talvez, daqui a 30 dias eu acorde não apenas disposta a mudar o mundo, mas com a certeza dessa mudança não apenas pelo meu voto, mas de mim, como eleitora grata.

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